#GotasMissionárias: A vergonha do trabalho infantil


O trabalho infantil é ainda hoje, uma grande preocupação. Muito já se falou e já se fez, mas ainda são precisos gestos concretos e diários para mudar esta realidade. Recebemos sem muito espanto números tristes que revelam a realidade dos nossos campos e cidades: cerca de 12,5% das crianças e adolescentes entre cinco e 15 anos trabalham; desse total 53,8% trabalham em áreas rurais.

As nossas crianças estão sujeitas ao trabalho escravo ou à prostituição, forçadas a trabalhar nas carvoarias e nos sinaleiros das grandes cidades, sendo ainda obrigadas ao uso e ao tráfico de drogas e outras ilegalidades. Convém lembrar que dois terços destas crianças e adolescentes não recebem sequer remuneração. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) somente ao completar 16 anos, o adolescente poderia trabalhar, e após os 14 anos, na condição de aprendiz.

Infância e Adolescência Missionária
Quando em 1843, Dom Carlos Forbin Janson idealizou a Infância e Adolescência Missionária (IAM), foi motivado pela triste realidade das crianças da China. Elas sofriam abandono, problemas graves de saúde, analfabetismo, mortalidade, sendo em sua maioria meninas. Em sua época, dom Carlos mobilizou muita gente a partir do seu país, a França, despertando o compromisso, a organização e a solidariedade com as crianças de todos os continentes. Na IAM a criança é protagonista e ajuda outras crianças.



O dom da vida é precioso
É forte o apelo em nosso meio, para que as crianças possam viver plenamente o seu direito de criança, que possam viver com dignidade sem perder a infância por causa da maldade dos "Herodes" de hoje (Mt 2, 16). As nossas crianças estão experimentando muito cedo a "cruz de Cristo". É muito comum ouvir comentários a respeito do trabalho infantil, difundindo a ideia de que "é preferível trabalhar ou pedir, a roubar", ou "o trabalho infantil é necessário ao sustento da família", "a criança que trabalha fica mais esperta e quando adulta vencerá profissionalmente". É pura mentira, porque dessa maneira, legitimamos às nossas crianças e adolescentes uma subcidadania, "se nasceu pobre, continuará assim", ou seja, as condenamos a uma pobreza cíclica. O trabalho infantil só prepara as nossas crianças para a miséria, marcando-as de forma irreparável.

No episódio da filha de Jairo, quando todos acreditavam que a me¬nina havia morrido, Jesus diz: 'não chorem: ela não morreu'. Então Ele a chamou, dizendo: 'menina, levante-se'. A menina voltou a respirar, levantou-se, e Jesus mandou que lhe dessem de comer (Lc 8, 54-55). A atitude de Jesus nos convida a descruzar os braços e 'dar a mão' a milhares de crianças, próximas ou não, devolvendo-as à vida. É importante conhecer os direitos e os deveres das crianças e adolescentes e acompanhar de perto o que tem sido feito nos programas sociais de combate ao trabalho infantil em nossa cidade.

Vamos devolver a vida às nossas crianças? Que tal ajudá-las a viver plenamente como crianças? É simples, mas exige o respeito aos seus direitos, "(...) além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão" (art. 227 da Constituição Brasileira). Mas o bom de ser criança é poder brincar, é poder estudar.

De todas as crianças do mundo, sempre amigos!


Roseane de Araujo Silva
Missionária leiga e pedagoga da Rede Pública do Paraná


Sugestão para o Grupo: Vamos brincar juntos?
- Organizar com as crianças uma pesquisa sobre as brincadeiras do tempo dos seus pais e avós, fazendo em seguida um paralelo entre as épocas.
- Desenvolver com as crianças uma oficina de criação de brinquedos.
- Veja dicas de como fazer brinquedos reciclados. Clique aqui.


FONTE: Revista Missões - Maio 2005.

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